Artigo de opinião – Utilização de fotografias do antes e depois?

Os últimos meses têm sido marcados, no meio da Medicina Dentária, por alguma frustração, ansiedade e talvez até alguma desordem pelo facto da OMD estar a adoptar uma política cada vez mais restrita sobre a partilha de casos clínicos, ou fotografias de antes e depois, em meios de comunicação.

Ontem, nas redes sociais da OMD, foi partilhada uma publicação onde menciona de forma vincada o quão dedicados estão em promover ações para combater o facto de alguns profissionais promoverem, nos seus meios de comunicação, casos clínicos e outros conteúdos do seu trabalho, em que haja a identificação direta ou indireta dos pacientes, no formato de fotografias de antes e depois, testemunhos de vídeo, artigos de blog entre outros.

Em menos de 24h fui contacto por vários colegas, amigos e até familiares sobre este tema.

Partilho pela primeira vez a minha opinião sobre o assunto dado ter uma ligação de muita proximidade no meio.

Trabalho há mais de 9 anos em Marketing Digital, com maior incidência na área da saúde e em particular em Medicina Dentária. Já percorri todo o país e alguns países na Europa, conheci Clínicas, Médicos, Directores, Administradores, Assistentes, Recepcionistas e todo o staff. Os meus primeiros 4 anos foram dentro de uma Clínica, os últimos 5 anos foram passados dentro e fora de Clínicas a definir estratégias de sucesso para os meus clientes atingirem os seus objectivos.

As fotografias de antes e depois são de facto um tema altamente sensível!

Por um lado temos um problema de base que é o marketing malicioso, enganador e destrutivo. Existem muitos exemplos de organizações que através de estratégias de marketing enganaram muitos pacientes, com tratamentos mal executados que prejudicaram a saúde e a carteira dos mesmos.

Estes pacientes são impactados por publicidade enganosa, são aliciados com métodos de pagamento em prestações que em alguns casos são 1€ por dia, e são muitas vezes manipulados para a realização de tratamentos rápidos para salvaguardar uma determinada promoção.

É inegável que são práticas reprováveis e com um objectivo claro de querer enriquecer à custa dos pacientes.

No outro lado da moeda, temos os Médicos Dentistas e Clínicas que centram a sua actividade no paciente e na sua saúde oral. São profissionais altamente qualificados, rigorosos e empenhados em prestar o melhor serviço possível. Como estamos a falar de saúde, estes profissionais procuram actualizar-se à medida que a medicina evolui. Frequentam cursos, congressos nacionais e internacionais, aplicam o seu dinheiro em novas tecnologias e equipamentos, mais uma vez em prol do paciente.

Como em todos os negócios e empresas, existem departamentos e exigências para manter a actividade aberta e para que seja minimamente rentável.

O Marketing é um desses departamentos, não sendo o mais importante, é, para mim, essencial para uma estratégia de desenvolvimento sustentável de uma organização, ao ser o que tem uma incidência directa na entrada (atração) de novo negócio nas empresas.
Dentro do universo do Marketing, surge a necessidade de produção de conteúdos e por sua vez a gestão de redes sociais, a gestão dos websites, gestão de campanhas pagas entre outros.

A melhor e mais fidedigna prova social do nosso trabalho é apresentar de forma transparente e objectiva o que fazemos. Não seria sensato partilhar fotografias de banco de imagem ou outro tipo de conteúdo para promover o nosso trabalho, quando este não corresponde à realidade.

Como consumidor gosto de fazer uma análise menos ou mais profunda sobre o que vou comprar, quer seja um produto ou um serviço. Procuro por várias vias, recolher informação que me seja útil para tomar uma decisão em consciência e no meio digital é possível recolher e processar esse nível de dados. Posso fazer comparações, posso tirar algumas conclusões e entrar em contacto para perceber se o caminho pode ser aquele.

Na Medicina Dentária é semelhante, através dos meios de comunicação posso retirar informação importante e depois “casar” informações até à realização de um acto médico. A partilha de um caso clínico pode ser um dos factores que me leva a querer realizar ou não um tratamento. Ouvir a opinião de quem realizou um tratamento pode ser determinante da mesma forma.

Estudos recentes, indicam que mais de 70% dos potenciais clientes verificam revisões e testemunhos antes de fazerem uma compra. Ainda mais, 90% relatam que as opiniões positivas influenciam as suas decisões de compra. vários colegas, amigos e até familiares

Sobre o paciente e a sua identificação/exposição. Obviamente que é igualmente um tema que precisa ser debatido e abordado de várias perspectivas. A sua segurança e integridade também deve ser uma preocupação. Cada caso é um caso e deve ser analisado na sua singularidade. Um paciente que não se quer expor tem esse direito, um paciente que não quer dar o seu testemunho tem esse direito. Aliciar um paciente para o fazer é altamente reprovável.

Por outro lado, encontramos o oposto. Já assisti por várias vezes pacientes a pedir para prestarem o seu testemunho e as suas fotografias de antes e depois, para as Clínicas promoverem o seu caso. Acredito piamente que são pessoas que estão tão agradecidas e felizes com o seu tratamento que instintivamente procuram retribuir desta forma e inclusive, ao terem sido ajudadas pelo seu Médico Dentista, querem que mais pessoas que já estiveram na sua posição, também sejam. A meu ver, qualquer pessoa tem direito à liberdade de expressão quando a mesma não interfere ou prejudica os outros. Este direito compreende a liberdade de opinião e a liberdade de receber e de transmitir informações ou ideias.

Em suma, considero importante encontrar um equilíbrio para que todos possam coexistir de uma forma livre, organizada e correcta. Partilhar o trabalho que os Médicos Dentistas realizam não deveria ser rotulada de Antiético, quando os pacientes consentem, da mesma forma que usar a imagem de pacientes sem autorização ou coagi-los para seu benefício também não é correto.

Como elemento externo a esta situação, não gosto de ver uma estrutura como a OMD e a sua comunidade de costas voltadas. Acredito que pode haver espaço para debate e a identificação de novas normativas das fotografias de antes e depois. Da mesma forma que poderia haver espaço para auditar e controlar mais empresas com más condutas, afim de dignificar o bom nome desta classe tão importante para todos nós.

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